17.10.07

writing the city - cartografías 004


O Porto é homem, é masculino.

Um preferia o rio, dali crescia a cidade e voltava ao entardecer. Vinha o cheiro da terra quente e o vento frio que se apressava do mar.
No rio escutou a sua pequenez enquanto as mãos se acariciavam.
O Douro é tudo. Só passagem. Podia pensar sem nunca partir.
O outro olhava com desinteresse.
Preferia o nevoeiro que o obrigava a recordar do sol. É possível dissipar para recomeçar. Afinal a noite pode ser igual ao dia e o inverno suceder ao verão.
A neblina fazia crer que a passagem é ténue e a viagem confusa.
Eu gosto do vento.
O vento despe, torna claro, dá permissão ao futuro.


*por ana maria [ver aqui]